sexta-feira, 30 de abril de 2010

MARÉ ALTA


Lua, lhe vejo cheia
Mas és vazia
Linda solidão


Na maré de sizígia
Delírios secretos
Perigoso mar


Espero a Lua ser empurrada pelo Sol
Pois necessito navegar nesse mar
E só assim, esperando calmamente
A maré vazante irá chegar


Para eu me virar
Um lobo do mar
Também solitário,
E sempre solidário.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

SONETO LIVRE

foto: sarah Rodrigues



Nasceu chamada flor
Em seu mundo finito
Com o destino em crivo


Cheia de vida
Bela e perfumada
Desejada...esperada!


De uma serenidade tamanha
Seu silêncio grita mágoa
Levada pelo vento, penando
Sorri pela última vez


Morre modificando o estado
Da prisão domiciliar da alma
Para a esperança de libertar o corpo
Do desejo impróprio, do mundo finito.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

SONETO DO FIM

foto: Sarah Rodrigues


Ela avalia em mim a avaria
Seu olhar percorre meu corpo,
Dando fardos, dando dor


Uma palavra, um tiro
Efeito igual, mortal
Antever para prever


Mesmo antes de nascer,
Para exercer o dever de viver
Fui amado é verdade, uterinamente amado
Mas nem sempre o sorriso escapa sincero.


É tão simples a união
Em estado de paixão
Pena mesmo, é deixar a palavra dita
Pôr o fim, antes do final feliz.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

VERVE

Foto: Sarah Rodrigues

Existe um motim em mim
Sentimentos rebelam-se
Deve ser a puberdade,
Na vontade de versos nus
Fazendo esse poema despido,
De rimas tolas e incoerentes
Acostando apenas um manifesto,
Interno que em contato com os olhos
Bate asas pra longe até o vértice
Verve, verve, verve...
É onde crio
Nascido no cobertor do amor
Próprio....
Olho você, que é minha inspiração completa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

REFLEXÃO

A amizade construída no sofrimento, dificilmente vai a ruína.

ATO CONTÍNUO DO POETA


Poetas caminham
Pelos assoalhos literários
Caminham


Em sua marcha
Cadenciada
Caminham


Necessitando expor a poesia
Que ebuli em si
Assim caminham


Pela certeza de ouvir
Seu foro íntimo
Caminham


Por turvos lugares
Simultaneamente com pares
Caminham


Acondicionando em poemas
Sentimentos infinitos
Caminham


Poetas não correm
Poetas não param
Caminham em si
Ou em outrem



Infinitamente
Eles sempre
Caminham

segunda-feira, 5 de abril de 2010

COMO DISSE O MONGE


Vou viver até que meu corpo seja só rugas
Meu coração irá viver em meu peito sem elas
Mas por enquanto lá é um lugar ermo


Foi assim que aviltou meus sentimentos
E sobraram lágrimas brandas que,
Alagou-se tristemente sufocando tudo


Mas meus desejos por respirar vão além
Prometo levantar a Lua no céu escuro
Acender a esperança e caminhar


Vamos é hora de cantar
Para o silêncio quebrar
E nos animar


A tristeza se assustou
Correu para longe
E ela chegou
Como disse o monge